sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dos nomes indesejosos

Rivaldo ganhou esse nome por causa do jogador, pai fanático por futebol e mais ainda pelo Santa Cruz. Quisera homenagear o futebolista que jamais conhecera pessoalmente. Havia ainda uma outra segunda tentativa de fazê-lo, o filho, um outro jogador de sucesso. Para decepção do pai, o filho nascera sem aquilo que se chama corriqueramente de talento. Se havia alguma semelhança com o jogador eram as pernas tronchas, que inclinavam levemente para a esquerda. Mais do que uma hablidade especial, as pernas eram motivos para muitas quedas e passes errados. Contudo, se não foi para o futebol que Rivaldo nasceu, certamente haveria de ser para outra coisa que não esportes. Primeiro por que futebol era o único jogo permitido por seu, pai, qualquer outro era motivo para que se questionasse a masculinidade do menino. Não que ele não tenha tentado o voleiball na adolescência, mais tarde, mas não sem sentir algum tipo de atração pelos colegas do time. Isso o pertubou um pouco e terminou por desistir, foi na época que decidiu-se fazer vestibular para direito. Contudo, antes, ainda na infância, chegou a fazer escolinhas de futebol, e participar de avaliações de olheiros do Santa, contudo as semelhanças das pernas tronchas e no nome não foram suficientes para encantá-los. Ficara triste na época, pensara que decepcionara o pai, o de fato o fizera. Depois desse episodio, o pai desistiu das ambições futebolistícas para o filho. Mas esse não foi o único fator, senão a chegada do seu segundo filho, irmão mais novo de Rivaldo, Ronaldo.

Ronaldo era, como todo segundo filho, aquele criado sem os erros do primeiro, acreditara o pai. O menino nasceu sem as pernas tronchas, o que pareceu um bom sinal e logo após dar os primeiros passos, o pai já colocava a bola para ele chutar. Acontece que Ronaldo, nessa época, se interessava mais em pegar a bola com as mãos para levá-la a boca, que chutá-la novamente. O pai pensou, "Ronaldo é nome de jogador de linha, mas se for pra ser goleiro, não vejo muito mal nisso, pelo menos ainda via ser jogador". No outro dia, o pai comprou-lhe luvas, grandes ainda para a sua idade e colocou no seu quarto. Ronaldo crescera muito e as luvas ainda não cabiam adequadamente na sua mão. Ronaldo fora uma criança que gostava de brincar, de correr, de pular, mas não com bola. Tinha um hábito até os quatro anos mais ou menos de colocar pedras na boca. Isso lhe ocasionou muitos vermes, e foi se tornando uma criança miúda, pequena, raquítica. Não cresceu adequadamente, e ficou pequeno para a decepção do pai, que ambicionara um goleiro. O menino porcausa do tamanho, quando ia jogar, ou não era escolhido, ou era derrubado facilmente pelos outros garotos. Começou a ficar com medo do jogo, de ser derrubado pelos outros meninos, o que lhe causou uma certa ojeriza a essa paixão nacional. Quando foi colocar o menino para fazer o teste para ir para o Santa o olheiro não o deixou jogar. Disse que era para crianças maior de dez anos. Ronaldo respondeu, tenho 10 moço, mas ele já havia lhe dado as costas. Após esse dia, Ronaldo pediu desculpa para o pai, e cresceu um pouco mais na adolescência. Tentou continuar no esporte apenas como hobby, também para não decepcionar o pai completamente, como fizera Rivaldo, mas de fato nunca quis seguri essa carreira. Já adulto sabia que não fora premeditado colocar pedras na boca, mas se soubesse que isso iria lhe ocasionar o abandono do futebol, teria feito novamente. A noite, as vezes, ainda podia sentir o estalar das pedras no dente, não sem um estranho sentimento de saudade. Pensava consigo:"O gosto da infância".

O pai, desgostoso da vida, após Ronaldo ser rejeitado pelo olheiro, passou a ter um plano meio delirante, de ter novamente um filho, um terceiro, que não lhe decepcionaria nos quesitos futebolísticos ideais. Consultou a numerologia, para saber o nome ideal: um nome certo o qual selaria o destino daquela criança no sucesso inescapável - Edson Diego. Se assombrou com o Diego, dissera-lhe ao numerologista, mas se era para que não houvesse erro, o faria de bom grado. Unir forças antagonicas pode ocasionar uma grande explosão de talento, pensara consigo. Engravidou sua mulher, esperou algum tempo, e no primeiro ultrasson, aos 4 meses, o médico anunciou:"É menina". A mãe falou: "vai se chamar Isadora, como a bailarina."

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